Bem vindo ao Apostolado Beata Imelda e Eucaristia!

A nossa intenção é a de divulgar a história da Bem-Aventurada Imelda Lambertini, dominicana, que faleceu aos 11 anos de idade logo após a sua Primeira Comunhão. O conteúdo do blog se restringirá apenas à meditações sobre a vida e exemplo da Beata Imelda Lambertini e também a postagens de textos e escritos dos mais diversos santos que tenham registrado documentos à respeito da Santa Missa e da Santíssima Eucaristia.

"Não sei como as pessoas não morrem de alegria ao receberem Nosso Senhor na Eucaristia!" (Beata Imelda Lambertini).

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Exemplo para aqueles que não apreciam a Santa Missa


São Tomás e São Boaventura, os dois doutores da Igreja, ensinam, como dissemos anteriormente, que o Santo Sacrifício da Missa é de valor infinito, tanto pela Vítima que é ai oferecida, que é o Corpo e Sangue, a alma e Divindade de Nossa Senhor JESUS CRISTO que principalmente o oferece. No entanto, muitos há que o têm em tão pouca estima que colocam este tesouro sacratíssimo, abaixo do mínimo interesse. Outra finalidade não tem este livrinho, da primeira á última página, senão dar uma idéia justa desta preciosidade tão grande que não tem preço.

E se, até aqui, este santo Sacrifício era para eles um tesouro oculto, agora que lhe conhecem o valor infinito, tomem a resolução de aproveitá-lo, assistindo à Santa Missa, todos os dias! Para a isso mais incitá-lo, vou contar uma história apavorante, que será a conclusão desta obra. Enéias Silvio Piccolomini, mais tarde Pio II, refere que em certa região da Alemanha havia um fidalgo de grande linhagem que, tendo caído na pobreza, vivia retirado em uma de suas terras. Aí acabrunhado pela melancolia, estava prestes deixar-se dominar pelo desespero, e satanás o impelia, cada dia, a pôr uma corda ao pescoço a fim de dar cabo da vida. Nesse combate contra a tristeza e a tentação, recorreu a um santo confessor, que lhe deu o excelente conselho de não passar, nem um dia, sem assistir à Santa Missa.


O fidalgo aceitou o conselho e logo o colocou em prática; e fez mais, para ficar seguro de nunca faltar à Santa Missa, tomou um capelão que devia estar pronto a oferecer, cada manhã, o Santo Sacrifício, a que ele assistia com grande fervor e devoção. Um dia, porém, o capelão dirigiu-se bem cedo a uma aldeia pouco afastada para assistir um padre recém-ordenado, que lá celebrava sua primeira Missa. O fidalgo, receoso de ficar privado da Santa Missa naquele dia, dirigiu-se apressadamente para a tal aldeia. No caminho, porém, encontrou um camponês e este lhe disse que podia voltar dali, pois a Santa Missa do novo sacerdote já havia terminado, e que na aldeia não se celebraria outra. A esta notícia, o fidalgo perturbou-se e exclamou entre lágrimas: “Que vai ser de mim hoje?” O camponês, que nada podia entender de tão pungente aflição, replicou num tom de gracejo e ímpio ao mesmo tempo: “Não choreis, senhor, eu vos venderei a Missa que acabo de assistir. Dai-me o manto que trazeis e eu vo-la cedo.”


O gentil-homem aceitou a estranha proposta do camponês, e, entregando-lhe o manto, encaminho-se para a Igreja. Fez uma curta oração no lugar santo, e voltou em seguida para casa. Mas, ao chegar ao sítio em que se detivera pouco antes, qual não foi seu espanto ao ver enforcado num carvalho, morto como Judas, o desgraçado camponês que lhe vendera sua Missa. A tentação de suicídio passara do fidalgo ao camponês, que, privado do socorra que a Santa Missa lhe alcançara, não soubera resistir ao diabo. O fato acabou de convencer o bom fidalgo de quão eficaz era o remédio sugerido pelo confessor, e mais se firmou em sua resolução de assistir, todos os dias, à Santa Missa. Duas coisas de grande importância eu quisera que notásseis neste terrível caso. Primeiro a grosseira ignorância de grande número de cristãos que, não sabendo apreciar as riquezas imensas na Santa Missa, vão a ponto de taxá-la por um preço material.Daí vem a linguagem inconveniente de algumas pessoas que falam em pagar ao sacerdote a sua Missa. Pagar a Missa! E onde encontrareis fortuna capaz de igualar o valor de uma única Santa Missa, já que ela vale mais que todo o Paraíso! Ó ignorância revoltante.


Esse pouco de dinheiro que dais ao sacerdote, vós lho dais para seu sustento, mas não como pagamento, pois a Santa Missa é um tesouro sem preço.


Porque vos exortei, neste livrinho, a assistir, todos os dias, à Santa Missa e encomendar quantas puderdes, é possível que satanás vos coloque no espírito esta idéia: “Os padres nos exortam a encomendar muitas Missas, por motivos muito bonitos e especiais. Mas nem tudo que brilha é ouro. Sob esta aparência de zelo eles escondem seu proveito e no fim de contas vê-se que o interesse é que lhes inspira a conduta e as palavras.” Que erro o vosso, se pensais assim!


Dou graças a DEUS de me ter inspirado abraçar uma ordem na qual se professa a mais estrita pobreza, e não se recebem espórtulas pelas Missas. Se nos oferecessem cem escudos por uma só Missa, jamais os aceitaríamos, pois dizemos todas as nossas Missas na intenção que tinha CRISTO na Cruz, quando ofereceu ao Eterno PAI o primeiro Sacrifício do Calvário. Se, portanto, alguém há que possa elevar a voz sem receio de censura, sou eu que só busco o vosso interesse.


Ora, tudo que vos aconselhei neste opúsculo vo-lo repito novamente, rogo-vos assisti a muitas Santas Missas e encomendai o mais que puderdes.


Tereis amontoado um grande tesouro que vos aproveitará neste Mundo e no outro.


A segunda verdade que deveis depreender da história precedente é a eficácia da Santa Missa, para alcançar todo bem e preservar-se de todo mal, e em particular para adquirir forças espirituais, a fim de vencer todas as tentações. Deixai-me, portanto, dizer-vos ainda: À Santa Missa! À Santa Missa! Se quereis a vitória sobre vossos inimigos e ver todo o inferno vencido e dominado. Resta-me ainda dar-vos um aviso, que se dirige também tanto aos sacerdotes, aos religiosos, como aos leigos: é que, para receber com grande abundância os frutos da Santa Missa, importa ir a ele com a máxima devoção.


Vós, leigos, portanto, assisti com toda a devoção, à da Santa Missa, e para isto, se quiserdes, utilizai-vos deste livrinho e ponha em prática, cuidadosamente, tudo o que nele vai indicado.


Em pouco tempo, posso assegurar-vos pela experiência, verificareis uma mudança sensível em vosso coração, e tocareis com o dedo o grande bem que daí há de auferir a vossa alma.


E vós, sacerdotes, deveis temer a justiça de DEUS, quando, por uma pressa exagerada ou por negligência irreverente, executardes mal as santas cerimônias, precipitardes as palavras, confundirdes os movimentos, numa palavra, despachardes a Missa. Refleti que consagrais, que tocais e recebeis o FILHO DO ALTÍSSIMO, e que não podeis, sem falta, omitir a menor cerimônia ou fazê-la de modo negligente ou defeituoso, como a ensina o sábio Suarez: Vei unius caeremoniae omissio culpae reatum inducit!


Por isso, João d´Avila, o oráculo da Espanha, não punha em dúvida que o Soberano Juiz pedirá aos sacerdotes uma conta mais rigorosa de todas as Missas que tiverem celebrado, do que qualquer outra obrigação.erdote passara à outra vida, ao terminar sua primeira Missa, aquele santo homem soltou um suspiro e disse: “Ele celebrou, então, a Santa Missa?” E como lhe respondessem que o neo-sacerdote tivera a felicidade de morrer logo depois de celebrá-la, replicou: “Ah! Grande conta tem ele de dar a DEUS, se celebrou uma Missa!”


E vós e eu, que tantas temos celebrado. Como nos arranjaremos no tribunal de DEUS? Tomemos por tanto a salutar resolução de rever, ao menos no próximo retiro que fizermos, todas as rubricas do Missal e todas as cerimônias sacras, a fim de celebrar com a máxima perfeição possível.

E estou certo de que se nós, sacerdotes, celebramos com um exterior grave e recolhido, e, sobretudo com grande fervor, os leigos, de sua parte, hão de decidir-se a assistir diariamente à Santa Missa. E teremos a consolação de ver renascer entre os cristãos de nossos dias o fervor dos primeiros fiéis da Igreja.


E vós, que é que estais fazendo? Por que é que não ides correndo para as igrejas para lá assistirdes fervorosamente a todas as Santas Missas que puderdes? Por que é que não quereis imitar os Anjos que, quando se celebra a Santa Missa, descem do Paraíso em grande número e vêm ficar ao redor do altar em adoração, intercedendo por nós? E DEUS será soberanamente honrado e glorificado: é esta a única finalidade desta pequena obra. Orai por mim, rezando uma Ave Maria.


As Excelências da Santa Missa – São Leonardo de Porto Maurício -Pags 78-82

sábado, 21 de junho de 2014

O culto Eucarístico


Pedro Julião Eymard

O fim da Sociedade é ainda render a Jesus no Santíssimo Sacramento o culto de honra maior, mais santo e mais litúrgico possível.

Culto maior, pelo serviço solene de Exposição onde Jesus é honrado como o Rei imortal dos séculos, a quem toda honra e glória são devidas.

Ante esse sol de amor tudo se eclipsa. Ante o Rei, o ministro não recebe distinções. Ante o Mestre insigne, o servo desaparece.

Tudo quanto há de precioso, de belo, de nobre, deve honrar o Trono divino de Jesus, Senhor único de tudo. E, viesse a Sociedade a possuir todos os diamantes, todo o ouro, todas as coroas do mundo, só deveria ver nisto tudo o privilégio de poder tudo consagrar à glória do Mestre, já que tudo Lhe pertence.


Culto mais santo

O corpo também deve adorar o Deus da Eucaristia e Lhe render suas homenagens exteriores.

Homenagens de respeito, tendo-se modesta e convenientemente em Sua divina Presença, evitando tudo aquilo que não se permitiria em presença dum personagem ilustre, dum soberano.

Homenagens de piedade, cumprindo com grande espírito de fé e de amor as cerimônias externas, genuflexões, prostrações, reverências prescritas, porque constituem os atos exteriores de adoração do coração e a profissão pública de Fé.

Homenagens públicas de virtudes. Honrando por toda a parte o Mestre, quer em público, quer em particular, quer nas ruas, quer nos templos; adorando-O, prostrado, quando Ele passa levado em Viático, ou quando reina no Trono. E por toda a parte o Rei e Deus do nosso coração, da nossa vida.

Culto mais litúrgico

A Igreja, sempre inspirada pelo Espírito Santo, regrou o culto devido ao Seu divino Esposo, Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento, e que por si, constitui o culto de verdade e de santidade agradável a Deus.

A Igreja, ciosa da honra e da glória do seu Rei, regulou os mínimos pormenores do Seu culto, porque tudo é grande, tudo é divino em se tratando do Seu serviço.

O dever maior, quer da Sociedade, quer da totalidade dos seus membros, é, portanto, estudar as rubricas, os cerimoniais da Igreja e, seguindo-os com exata fidelidade, fazer com que os fiéis, por sua vez, os observem e amem. Honrando desta forma a divina Eucaristia, honro-O a em união com a Santa Igreja, em união com os Seus santos. Rendo-Lhe, então, com a Igreja, uma só e mesma homenagem, presto-Lhe um só e mesmo culto enquanto os Seus méritos suprem minha indignidade, e a Ssua perfeição, minha fraqueza. Meu culto então torna-se verdadeiramente católico.

Servirá ainda para expiar as irreverências e culpas sem número que cometi nos santos lugares. Servirá para reparar as profanações, os sacrilégios incessantemente cometidos contra este Sacramento por tantos ímpios e maus cristãos.

Será um protesto contra a incredulidade, uma profissão pública de nossa Fé e vocação pela maior glória de Jesus. Hóstia de amor e de louvor.

(A Divina Eucaristia, volume III)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O modo de receber a Sagrada Comunhão

O modo de receber a Sagrada Comunhão: Resumo

A Instrução Universae Ecclesiae deixa claro que a Santa Comunhão deve ser recebida de joelhos e na língua em celebrações da Forma Extraordinária. A recepção na língua é, de fato, a lei universal da Igreja, que certas Conferências Episcopais revogaram parcialmente. O valor de se ajoelhar para se mostrar humildade na presença do sagrado é afirmado em inumeráveis textos da Escritura e enfatizada pelo Papa Bento XVI em seu livro «O Espírito da Liturgia”. O momento de receber a Sagrada Comunhão é o mais apropriado de todos para demonstrar esta atitude. A recepção na língua, embora não universal na Igreja Primitiva, tornou-se assim rapidamente, refletindo a grande preocupação demonstrada pelos Padres para que as partículas da hóstia não se perdessem, uma preocupação reiterada no Memoriale Domini do Papa Paulo VI. Concluindo, a forma tradicional de receber a Sagrada Comunhão, que evidencia tanto humildade e como receptividade infantil, prepara o comungante para recebê-la de maneira frutuosa. Além disso, se conforma perfeitamente com a atitude geral de reverência pelas Sagradas Espécies que pode ser encontrada ao longo da Forma Extraordinária.

A Maneira de se Receber a Sagrada Comunhão


1. Tal como acontece com a questão do serviço no altar por homens e meninos [1] , a questão da forma de receber a Comunhão nas celebrações na Forma Extraordinária do Rito Romano é resolvida pela Instrução Universae Ecclesiae (2011), que defende a capacidade de vinculação, em celebrações na Forma Extraordinária, da lei litúrgica em vigor em 1962 [2] . Esta especifica que a Santa Comunhão deve ser recebida pelo fiel ajoelhado e na língua.

2. Enquanto que o serviço no altar pelas mulheres tem sido permitido na Forma Ordinária a critério do Ordinário local, a proibição de recepção da Sagrada Comunhão pelo fiel na mão foi expressamente reiterada pelo Papa Paulo VI [3], que apenas observou que os pedidos de derrogação da lei teria de ser feita por uma Conferência Episcopal à Santa Sé. Explicar o valor desta prática, o que este trabalho procura fazer, é o mesmo que explicar o valor da própria legislação da Igreja.

Ajoelhar-se

3. Como o Papa Bento XVI observou. “A origem da genuflexão não se encontra numa cultura qualquer – ela é proveniente da Bíblia e do seu conhecimento de Deus.”[4] Como ele passa a elaborar, o ajoelhar-se é encontrado em numerosas passagens da Escritura como uma atitude adequada tanto de oração de súplica como de adoração na presença de Deus. No ajoelhar-se, seguimos o exemplo de Nosso Senhor [5], cumprimos o Hino Cristológico da Carta aos Filipenses [6], e conformarmo-nos à liturgia celeste vislumbrada no Livro do Apocalipse [7] . O Santo Padre conclui:

É possível que a posição de joelhos se tenha tornado estranha à cultura moderna – na medida que esta última se tenha afastado da Fé, não reconhecendo mais Aquele perante o qual o gesto correto é intrínseco é – estar de joelhos. Quem aprende a ter fé, também aprende a ajoelhar-se; uma Fé ou uma Liturgia que desconhecesse a genuflexão seria afetada num ponto central. Onda ela se perdeu, tem que ser reaprendida, para que a nossa oração permaneça na Comunidade dos Apóstolos, dos Mártires, de todo o Cosmos e em união com o próprio Jesus Cristo [8].

4. Resta observar que no momento em que se recebe o Corpo de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento é um momento apropriado para se ajoelhar, e ao se fazê-lo repetimos uma muito longa tradição no Ocidente [9]. O Papa João Paulo II nos lembra que a atitude correta para receber a Sagrada Comunhão é “a humildade do centurião do Evangelho” [10]: esta atitude é tanto manifestada como nutrida pela reconhecida postura de humildade, ao se por de joelhos. A exigência, na disciplina atual da Igreja, que se faça um “gesto de reverência” antes da Santa Comunhão ser recebida [11], é cumprida de uma maneira mais natural e não forçada estando de joelhos.

Sobre a língua

5. A recepção da Sagrada Comunhão sobre a língua, em oposição à mão, embora não seja a prática exclusiva da Igreja Primitiva, realmente remonta aos primeiros tempos. É atestada por Santo Efrém o Sírio[112], pela antiga liturgia de S. Tiago [13], pelo Papa São Leão o Grande [14] e pelo Papa São Gregório Magno [15]. Nosso Senhor parece ter colocado o pão diretamente na boca de Judas na Última Ceia [16], e pode ter usado o mesmo método para as Espécies Consagradas. A disseminação deste método por toda a Igreja (com distintas variantes no Oriente e no Ocidente) derivou-se naturalmente da grande preocupação dos Padres que nenhuma partícula da Hóstia consagrada fosse perdida. São Cirilo de Jerusalém (invariavelmente citado por sua descrição da Comunhão na mão) [17] adverte que os fragmentos da Hóstia devem ser considerados mais preciosos do que ouro em pó; [18]uma preocupação semelhante é mostrada por Tertuliano [19], São Jerônimo,[20] Orígenes [21], Santo Efrém [22] e outros [23]. Esta preocupação está enraizada na Escritura, no comando de Nosso Senhor aos discípulos após a alimentação da Multidão, um tipo da Eucaristia: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que não seja perdido.”[24]
6. Esta preocupação é reiterada e relacionada ao valor da recepção sobre a língua pela Instrução Memoriale Domini (1969), que resume uma série de considerações ao favorecer a forma tradicional de distribuir a Sagrada Comunhão:

Esta maneira de distribuir a Santa Comunhão, levando em consideração, no seu conjunto, a situação atual da Igreja, deve ser conservada, não somente porque se funda numa tradição de muitos séculos, mas sobretudo porque exprime e significa a reverência dos fiéis para com a Eucaristia. E este costume não diminui em nada a dignidade da pessoa daqueles que se aproximam de tão grande Sacramento; antes, [este costume] faz parte daquela preparação que é requerida, para que o Corpo do Senhor seja recebido da maneira maximamente frutuosa.”[25]
Esta reverência significa que não se trata de «uma comida e de uma bebida comum» [26], mas da comunhão do Corpo e do Sangue do Senhor, …Além disso, com esta forma entretanto tradicional é mais eficazmente assegurado que a Sagrada Comunhão seja distribuída com a reverência, o decoro e a dignidade devidos; que seja evitado todo perigo de profanação das espécies eucarísticas, nas quais, «de modo singular, está presente substancialmente e ininterruptamente, o Cristo todo inteiro, Deus e homem»[27], e, por fim, que seja observada com diligência a recomendação sempre dada pela Igreja, quanto ao cuidado com os próprios fragmentos do pão consagrado: «Se algum fragmento vieres a perder, seja para ti como se estivesses perdendo um de teus membros».[28]

7. A possibilidade de, ao se receber na mão a Sagrada Comunhão, levar a uma “lamentável falta de respeito para com as espécies eucarísticas” foi confirmada pelo Papa João Paulo II.[29] O perigo de profanação deliberada do Santíssimo Sacramento, igualmente observado no Memoriale Domini, infelizmente também tornou-se evidente, numa época em que os atos sacrílegos podem ser tornados públicos pela internet para o escândalo dos católicos em todo o mundo. Esta questão é levantada novamente pela Instrução Redemptionis Sacramentum (2004), que mais uma vez se refere à distribuição do Santíssimo Sacramento exclusivamente sobre a língua como o remédio eficaz:
Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão.[30]

8. O Papa João Paulo II levantou uma questão relacionada, quando escreveu “O tocar nas sagradas Espécies e a distribuição destas com as próprias mãos é um privilégio dos ordenados, que indica uma participação ativa no ministério da Eucaristia.” Ele liga esta à consagração das mãos do sacerdote.[31] Isto recorda uma famosa passagem de São Tomás de Aquino, citada a este respeito em uma declaração oficial do Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice [33]:

Por reverência a este sacramento [a Santa Eucaristia], nada o toca a não ser o que é consagrado; por isso o corporal e o cálice são consagrados, e, da mesma forma, as mãos dos sacerdotes para tocar este Sacramento. E assim, não é licito que qualquer outra pessoa Lhe toque, exceto em caso de necessidade, por exemplo, se caísse ao chão ou em qualquer outro caso de urgência.[34]

9. Na medida em que vemos esse método tradicional tendo se desenvolvido ao longo do tempo, não se trata de um argumento contra ele, mas um testemunho para as considerações importantes que consistentemente levaram à sua adoção. Como o Papa Pio XII afirmou brilhantemente na Mediator Dei (1948), práticas mais antigas não são ipso facto preferíveis às práticas que evoluíram sob a orientação do Espírito Santo ao longo dos séculos [35].

Conclusão

10. A importância de uma atitude interior de humildade, enfatizada tanto pelo Papa João Paulo II como pela exigência disciplinar da Igreja de um “gesto de reverência”[36], não é apenas uma questão de decoro diante da Presença Real de Nosso Senhor, por mais importante que seja. Pelo contrário, a graça recebida por um comungante está sob a dependência de sua disposição e do cultivo da correta disposição, aquela humildade e receptividade infantil, que é facilitada ao se receber a comunhão sobre a língua estando de joelhos. Como o Papa Paulo VI enfatizou: “[este costume] faz parte daquela preparação que é requerida, para que o Corpo do Senhor seja recebido da maneira maximamente frutuosa.”[37]

11. Este valor do método tradicional foi reiterado por decisão do próprio Papa Bento XVI ao distribuir a Sagrada Comunhão ao comungante de joelhos e sobre a língua. O comentário oficial sobre esta decisão cita tanto a preocupação sobre a perda de partículas da Hóstia Consagrada, e uma preocupação em estimular a devoção entre os fiéis à Presença Real de Cristo no Sacramento da Eucaristia.[38]
Além disso, o método tradicional é chamado de um “sinal externo” para “promover o entendimento deste grande mistério sacramental”. [39]

12. No contexto específico da Forma Extraordinária do Rito Romano, a prática exclusiva de receber a Sagrada Comunhão de joelhos e na língua anda de mãos dadas com a grande reverência mostrada pelo Sacerdote celebrante na Forma Extraordinária ao Santíssimo Sacramento. Dois exemplos seriam a genuflexão dupla do sacerdote na Consagração, ao segurar com o polegar e o indicador, a partir da Consagração até a Purificação do Cálice. O recebimento da Comunhão na mão criaria uma dissonância prejudicial com outros elementos da liturgia. O assunto está bem expresso na Instrução do Papa, incomprensibile (1996), dirigido às Igrejas Orientais, sobre a importância de manter o modo tradicional de receber a Sagrada Comunhão para aquelas Igrejas:

Mesmo que isto exclua a valorização de outros critérios, embora legítimos, e implique a renúncia a algum comodismo, uma modificação do uso tradicional arrisca-se a comportar uma intrusão não orgânica a respeito do quadro espiritual que se tem mencionado.[40]

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1- FIUV Positio 1: O serviço do Altar por homens e meninos
2- Instrução Universae Ecclesiae (2011) 28
3- Instrução Memoriale Domini (1969): “… o Sumo Pontífice não considerou oportuno mudar a maneira tradicional de distribuir a Sagrada Comunhão aos fiéis.”
4- Papa Bento XVI (Cardeal Joseph Ratzinger) ‘Introdução ao Espírito da Liturgia’ (Edições Paulinas, 2001)
5- Lucas 22.41 (durante a Agonia no Jardim do Getsêmani).
6- Filipenses 2, 10: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho”
7- Apocalipse 5,8.
8- Papa Bento XVI op. cit.
9- No Ocidente o desenvolvimento do ajoelhar-se na Comunhão remonta pelo menos até o século VI. Vide Athanasius Schneider ‘Dominus Est – É o Senhor’.
10- Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistica (2003) 48: ‘cum demissione centurionis in Evangelio’
11- Instrução Geral do Missa Romano (2002) 160.
12- St Efrém o Sírio: Sermones em Hebdomeda Sancta 4, 5: Isaías viu-Me a Mim, assim como vós Me vedes a Mim agora, estendendo a Minha mão direita e levando às vossas bocas o pão vivo.”. Referência à visão de Isaias do carvão vivo com o qual o anjo tocou seus lábios (Isaías 6, 6-7).
13- Bozestwennaya Liturgia Swjatago Apostoloa Iakowa Brata Boziya I perwago bierarcha Ierusalima (Roma-Grottaferrata, 1970) p151: “Que o Senhor nos abençoe e nos torne dignos de tomar, com mãos imaculadas, o carvão aceso, metendo-o na boca dos fiéis, …”.
14- Papa São Leão o Grande, Sermões 91,3.
15- Papa São Gregório Magno, Diálogos 3,c. 3.
16- João 13:26-27: “Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o pão embebido. Em seguida, molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe, então: O que queres fazer, faze-o depressa.”
17- São Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas 5,2 1f
18- São Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas 5,2
19- Tertuliano, De Corona 3: “Sofremos uma verdadeira angústia para que nada do cálice ou do pão caia por terra”
20- São Jerônimo In Ps 147, 14: “… se caísse um fragmento por terra, sintamo-nos em perigo.”
21- Orígenes In Exod. Hom. 13,3: “… recebendo o Corpo do Senhor, sabei como deveis guardá–Lo com todo o cuidado e veneração, a fim de que nem sequer cada um dos fragmentos caia…”
22- St Efrém Sermones In Hebdomada Sancta 4, 4: “… e tão pouco piseis os seus fragmentos. O mínimo fragmento deste pão pode santificar milhões de homens …”.
23- St Efrém Sermones In Hebdomada Sancta, 4, 4: “Queira Deus que nenhuma das pérolas ou fragmentos consagrados se fixe nos dedos ou caia por terra!”.
24- João 6.12. Cf. Mateus 14.20 e 15.37; Marcos 6.43 e 8.9; Lucas 9.17
25- [Nota de rodapé 6 In Memoriale Domini (MD)] Cf. S. Agostinho, Euarrationes in psultuos 98.9: PL :’7.1264•1265.
26- [Nota de rodapé 7 In MD] Cf. S. Justino, Apologia I. 66: PG 6.427; S. Irineu. Adversus haereses 4, 18.5: PG 7.1028s.
27- [Nota de rodapé 9 In MD] Cf. ibid. n. 9: AAS 59 (1967) 547.
28- [Nota de rodapé 10 In MD] Cf. S. Cirilo de Jerusalém. Catecheses mvstagogicae V. 21: PG 33,1126.
29- Papa João Paulo II Carta Apostólica Dominicae Caenae (1980) 11
30- Instrução Redemptionis Sacramentum (2004) 92, reiterando a resposta da Congregação para o Culto Divino a um dubium levantado em 1999, registrado na Notitiae 35 (1999) pp 160-161. NT: dubium: Uma questão doutrinária que é feita à Congregação para a Doutrina da Fé e que posteriormente recebe uma resposta.
31- Dominicae Caenae 11.
32- Ibid, o parágrafo precedente: “É preciso, todavia, não esquecer o múnus primário dos Sacerdotes, que foram consagrados na sua Ordenação para representar Cristo Sacerdote: as suas mãos, assim como a sua palavra e a sua vontade, por isso, tornaram-se instrumento directo de Cristo.”
33- Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice: ”Communion received on the tongue while kneeling’- Comunhão recebida sobre a língua e de joelhos – (2010)
34- São Tomás de Aquino (1225-1274); Suma Teológia, Pars III, Q.82, Art. 3, ad 8): ‘in reverentiam huius sacramenti, a nulla re contingitur nisi consecrata, unde et corporale et calix consecrantur, similiter et manus sacerdotis, ad tangendum hoc sacramentum. Unde nulli alii tangere licet, nisi in necessitate puta si caderet in terram, vel in aliquo alio necessitatis casu.’
35- Papa Pio XII Carta Encíclica Mediator Dei (1948): “A liturgia da época antiga é, sem dúvida, digna de veneração, mas o uso antigo não é, por motivo somente de sua antiguidade, o melhor, seja em si mesmo, seja em relação aos tempos posteriores e às novas condições verificadas. Os ritos litúrgicos mais recentes também são respeitáveis, pois que foram estabelecidos por influxo do Espírito Santo que está com a Igreja até à consumação dos séculos, (52) e são meios dos quais se serve a ínclita esposa de Jesus Cristo para estimular e conseguir a santidade dos homens.” (Haec eadem iudicandi ratio tenenda est, cum de conatibus agitur, quibus nonnulli enituntur quoslibet antiquos ritus ac caerimonias in usum revocare. Utique vetustae aetatis Liturgia veneratione procul dubio digna est; verumtamen vetus usus, non idcirco dumtaxat quod antiquitatem sapit ac redolet, aptior ac melior existimandus est vel in semet ipso, vel ad consequentia tempora novasque rerum condiciones quod attinet. Recentiores etiam liturgici ritus reverentia observantiaque digni sunt, quoniam Spiritus Sancti afflatu, qui quovis tempore Ecclesiae adest ad consummationem usque saeculorum (cfr. Matth. 28, 20), orti sunt; suntque iidem pariter opes, quibus inclita Iesu Christi; Sponsa utitur ad hominum sanctitatem excitandam procurandamque.)
36- Veja o parágrafo 4
37- Memoriale Domini.
38- Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice: ‘Communion received on the tongue while kneeling’- Comunhão recebida sobre a língua e de joelhos – (2010)
39- Ibid.
40- Congregação para as Igrejas Orientais, Instrução Il Padre Inestimabile para a aplicação das prescrições litúrgicas do Código dos Canônes das Igrejas Orientais, 6 de Janeiro de 1996, n. 58.


Como é que apareceu agora
a Comunhão na Mão?


Há 400 anos, a Comunhão na mão foi introduzida no culto "cristão" por homens cujos motivos tinham por base um desafio ao Catolicismo. Os revolucionários protestantes do Século XVI (chamados "reformadores" protestantes, numa cortesia imerecida) estabeleceram a Comunhão na mão para significar duas coisas:

1) Que acreditavam que não havia "transsubstanciação" nenhuma, e que o pão usado para a Comunhão não passava de pão vulgar. Por outras palavras, a Presença Real de Cristo na Eucaristia não passava de uma "superstição papista"; e como o pão não era mais do que pão, qualquer pessoa lhe podia tocar.

2) Que era sua crença que o ministro da Comunhão não era fundamentalmente diferente de qualquer leigo. Ora é ensinamento católico que o Sacramento da Ordem dá ao Sacerdote um poder espiritual, sacramental, imprime uma marca indelével na sua alma e fá-lo fundamentalmente diferente de um leigo. O Ministro Protestante, porém, não é mais do que um homem vulgar que introduz os cânticos, faz as leituras e prega sermões para excitar as convicções dos crentes. Não pode converter o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Nosso Senhor, não pode abençoar, não pode perdoar os pecados. Não pode fazer nada que um leigo normal não possa fazer.

O estabelecimento da Comunhão na mão pelos Protestantes foi o modo que eles escolheram para mostrar a sua rejeição da crença na Presença Real de Cristo na Eucaristia e a rejeição do Sacerdócio Sacramental — em resumo, para mostrar a sua rejeição do Catolicismo no seu todo.

Daí por diante, a Comunhão na mão passou a ter um significado nitidamente anti-católico: prática abertamente anti-católica, tinha por base a descrença na Presença Real de Cristo e também no Ministério Sacerdotal. Portanto, como a imitação é a forma mais sincera de lisonjear, não será bom perguntar por que razão os nossos eclesiásticos modernos imitam os infiéis auto-proclamados, que rejeitam a doutrina sacramental básica do Catolicismo? Eis uma pergunta a que os eclesiásticos intoxicados pelo espírito liberal do Vaticano II ainda não responderam satisfatoriamente.


Vejam as últimas notícia sobre a comunhão na mão:

“A comunhão na mão oferece um risco” diz Cardeal De Paolis. Roubo da Eucaristia na Itália



Tabernáculos são arrombados na Itália. Eucaristia é guardada em cofres.
Roma (kath.net/pl – Tradução Una Voce Brasil) A Igreja Católica na Itália vem sendo confrontada há meses com o roubo de Santa Eucaristia. Trata-se de tabernáculos quebrados, cibórios furtados cheios de hóstias consagradas, bem como o abuso da comunhão na mão, em que alguns colocam a Santa Eucaristia em uma bolsa para fins desconhecidos. Os motivos dos autores são discutidos: sacrilégios deliberados por muçulmanos? Ou para uso por seitas satânicas em missas negras? Isto foi relatado por “Vatican Insider”.

A comunidade católica prevê-se como sendo forçada a tomar contra-medidas. Em algumas áreas o tabernáculo é esvaziado e deixado aberto, a fim de se proteger contra roubo. O Todo-Poderoso será mantido em um local mais seguro, por isso ele deve ser armazenado em um cofre, aponta ao “Vatican insider” Dom Salvatore DiCristina, Arcebispo de Monreale. A diocese de Sizily já favoreceu uma ”linha dura” contra os criminosos.

O cardeal e canonista Velasio De Paolis explicou que sacrilégios contra a Eucaristia estão entre os mais graves de delitos e que esses crimes recebem a condenação de excomunhão ”latae sententiae”, que só pode ser levantada pela Santa Sé. De Paolis sustenta que até mesmo a comunhão na mão oferece um risco maior de que a Eucaristia possa ser tirada, profanada ou mantida para fim sacrílego.

A lista das infrações é longa. Dois muçulmanos receberam a Eucaristia de um sacerdote em Sondrio, mas não comungaram, pelo contrário, colocaram em suas bolsas de mão. Segundo informações da polícia, há um boom em cultos satânicos. Píxides cheias, por exemplo, foram roubadas em San Giovanni in Bosco (Vasto), cibórios cheios em San Vio, hóstias consagradas desapareceram da Igreja-hospital de Biancavilla (Katania), a comunidade de Santa Caterina dello Ionia foi alvo de um ataque noturno. Aqui e em muitos outros furtos Eucarísticos os tabernáculo svazios, que foram violentamente forçados a abrir com ferramentas de assaltante, são a regra.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Matéria e forma do Sacramento da Eucaristia



Qual é a matéria do Sacramento da Eucaristia?

Pão de trigo e vinho de uva (LXXIV, 1, 2).

Que sucede na matéria, no momento de consagrar?

Que a substância do pão deixa de ser pão e a do vinho deixa de ser vinho (LXXIV, 2).

Em que se convertem as substâncias do pão e do vinho?

A do pão no corpo de Jesus Cristo e a do vinho no seu sangue (LXXV, 3, 4).

Que nome tem esta conversão ou troca?

O de Transubstanciação (LXXV, 4).

Que expressa a palavra transubstanciação?

A conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue.

Quem é capaz de efetuar tão estupenda transformação?

Só a Onipotência divina (Ibid).

Converte-se no corpo e sangue de Cristo somente a substância, ou tudo o que existe no pão e no vinho?

Somente a substância, permanecendo sem alteração os acidentes (LXXV, 2 ad 3).

Que entendeis, quando afirmais que permanecem os acidentes?

Que continuam, no mesmo estado, a extensão ou quantidade, a figura, a cor, o gosto, resistência e mais propriedades ou entidades sensíveis, por meio das quais viemos ao conhecimento do pão e vinho, antes da consagração.

Por que não se transformam também os acidentes?

Porque são necessários para manter e assegurar a presença sacramental de Jesus Cristo (Summa contra gentes, livro IV cap. LXIII)

Que aconteceria, se os acidentes se transformassem em corpo e sangue de Cristo?

Que o que foi pão e vinho desapareceria absoluta e totalmente (Ibid).

Que se segue, pelo contrário, com a permanência das espécies sacramentais?

Que, ligados a elas, mediante as suas respectivas substâncias, estão o corpo e sangue de Cristo, do mesmo modo como o estavam as substâncias do pão e vinho, de sorte que, assim como antes da transubstanciação, ao tocar os acidentes, tínhamos nas mãos as substâncias do pão e do vinho, temos, depois da transubstanciação, o corpo e o sangue de Cristo (Ibid).

O que há sob as espécies depois da consagração é, identicamente, o mesmo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo?

Sim, Senhor (LXXV, 1).

Acha-se Jesus Cristo inteiro e completo no sacramento da Eucaristia?

Sim, Senhor; porque, se bem que sob as espécies do pão, em virtude das palavras sacramentais, só está o corpo e sob as do vinho o sangue, por concomitância, e já porque é impossível separar, na sua humanidade, os dois elementos, como foram separados na cruz, onde quer que esteja o corpo, ali está o sangue e a alma, e, onde se ache o sangue, o acompanham a alma e o corpo. Quanto à divindade não há dificuldades, pois, nunca, nem mesmo durante a morte do Redentor, se separou a pessoa divina da cada um dos componentes de sua humanidade (LXXVI, 1, 3).

Está Jesus Cristo inteiro em cada parte das espécies sacramentais?

Enquanto as espécies permanecem indivisas está completo em todo o Sacramento, e quando se fracionam, está tantas vezes inteiro e completo, quantas partes se hajam feito (LXXVI, 3).

É possível ver, tocar, ou de algum modo chegar ao corpo de Jesus Cristo no estado sacramental?

Não, Senhor; porque aquelas espécies acessórias aos nossos sentidos, não são acidentes do corpo de Cristo, único meio de chegar à sua substância (LXXV, 4-8).

Que se deduz desta verdade?

Que as espécies sacramentais o encerram como prisioneiro, e por sua vez o protegem, de sorte que, quando algum desalmado intente enfurecer-se contra o corpo de Cristo, só consegue profanar o Sacramento.

São inalteráveis as espécies sacramentais depois da consagração?

Não, Senhor; decompõem-se e transformam-se depois de poucos momentos de ingeridas como alimento, e também se corrompem abandonadas por muito tempo à ação dos agentes atmosféricos (LXXVII, 4).

Que sucede quando as espécies deixam de ser os acidentes do pão e do vinho, consagrados?

Que no mesmo instante cessa a presença eucarística de Jesus Cristo, pelo fato de desaparecer o motivo que o retinha enlaçado aos acidentes, e, mediante os acidentes, ao lugar por eles ocupado (LXXVI, 6 ad 3).

Logo, a presença eucarística de Jesus Cristo num lugar depende exclusivamente da consagração e da permanência dos mesmos acidentes do pão e do vinho consagrados?

Sim, Senhor; visto que a razão de tal presença, não podem ser as mudanças operadas no corpo impassível de Cristo, mas no pão e no vinho (Ibid).

Como se consagra?

Pronunciando com as devidas condições, a forma da Consagração (LXXVIII).

Qual é?

Para consagrar o pão: Isto é o meu corpo. Para consagrar o vinho: Este é o Cálice do meu Sangue, o Sangue do novo e eterno testamento, que por vós e por muitos será derramado em remissão dos pecados.

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Retirado do excelente blog:  osegredodorosario.blogspot.com.br
PEGUES, Tomaz, O. P. A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de catecismo: para uso de todos os fiéis. Taubaté: Editora SCJ, 1942, p. 219-221.

domingo, 15 de junho de 2014

Profanadores do Santíssimo castigados (ano de 362)


Optato de Milevi


Cartago, África.

A Justiça de Deus nem sempre castiga o homem no mesmo momento em que comete um crime, mas muitas vezes a infinita Misericórdia parece sair ao seu encontro para desarmar e deter, ao menos por algum tempo, seu braço erguido, a fim de que o delinquente se arrependa de sua culpa, consiga o perdão e se salve.

Não obstante, para tirar do coração humano a temerária confiança na bondade de Deus e fazer com que sempre deteste o pecado, registram os documentos da história inúmeros casos de terríveis castigos justamente merecidos por crimes nefandos.

Santo Optato, Bispo de Mileva na Numídia, relata que em Cartago, quando começou o cisma dos donatistas, movidos estes pelo ódio que professavam à Igreja Católica, cometeram muitos desmandos, ferindo os sentimentos religiosos dos que se mantinham fiéis aos ensinamentos e às doutrinas da verdadeira Igreja de Cristo.

Chegou a tal extremo as perfídia dos hereges, que se uniram a uma chusma de gente disposta ao crime, e formando um grupo numeroso com horrível desenfreio se entregaram à pilhagem, saqueando quantas igrejas podiam, com grande sentimento da população.

Numa das igrejas, tiveram a ousadia de profanar e roubar os Vasos Sagrados, e não sabendo o que fazer com as Hóstias consagradas que neles continham, as lançaram com diabólico cinismo aos cães da rua paras que as comessem. Mas - justo castigo de Deus! - no mesmo instante os cães se tornaram raivosos e com espantoso furor se lançaram contra os iníquos profanadores e os despedaçam, vingando desta forma a injúria feita ao Santíssimo Sacramento.



(Santo Optato, Cisma dos Donatistas - Baronius, Annales Ecclesiastici, tomo 4, p.101)

sábado, 14 de junho de 2014

O Pão dos hereges


Ano 400 - Constantinopla

São João Crisóstomo, Bispo e Confessor da Igreja, esclarecido luminar de seu século, foi chamado "Crisóstomo" devido às torrentes de sagrada eloquência que fluíam de seus lábios; e foi também chamado "martelo da heresia", devido à eficácia e vigor de sua argumentação em defesa da Fé católica.

Conseguiu, com sua pregação, converter inúmeros hereges macedônios. O Senhor permitiu que acontecesse um fato maravilhoso com uma mulher que se obstinava em permanecer filiada aos sectários, e tal feito determinou por fim sua perfeita conversão. As verdades católicas expostas por Crisóstomo mostravam-se tão evidentes ao marido dessa mulher, que lhe pareceu que não deveria tolerar por mais tempo que sua esposa professasse os perniciosos erros da heresia.

Procurava persuadi-la a renunciar a eles e abraçar a verdadeira Fé católica, mas nenhum fruto tirava de seus conselhos nem de suas longas discussões, porque era grande a tenacidade com que ela aceitava as opiniões heréticas.

Afinal, esgotados todos os meios de conduzi-la ao bom caminho, ameaçou separar-se dela se não acedesse aos seus desejos, seguindo o bom exemplo que lhe tinha dado.

A mulher, para obedecer ao marido na aparência, mas perseverando na sua obstinação, lhe disse que faria o que mandava; mas, combinando antes com uma criada sua, foi a um templo de hereges e, tomando o pão falsamento consagrada que davam a seus adeptos, deu-o à criada para que o guardasse; em seguida foi à igreja dos católicos com seu marido, para comungar e assegurar-lhe que já era católica, e recebendo a Sagrada Hóstia, fingindo que se inclinava para orar, deu-a à criada que estava ao seu lado, e tomou dela o pão recebido dos hereges, o qual imediatamente de transformou em pedra.

A desventurada mulher atônita e fora de si, procurou São João Crisóstomo para narrar-lhe o que lhe tinha acontecido, e ele a converteu à Fé católica e publicou o milagre, conservando-se em Constantinopla, para perpétua memória, aquela pedra em que o pão dos hereges havia se convertido.



(Sozomeno, Vida de San Juan Crisóstomo, liv. 8, cap. 5 - Baronius, Annales Ecclesiastici, t.5, p. 126)